quarta-feira, 30 de março de 2016

RANKEANDO A 2° TEMPORADA


24- Putting Your Hoof Down
Como comentado no meu ranking da 1° temporada, eu tendo a odiar episódios que vão contra todas as mensagens que o show tenta passar, e por alguma razão esse episódio se esforça ao máximo para fazer isso. Esse roteiro é um dos mais maldosos que eu já vi e o pior é que ele provavelmente pensa que está fazendo humor; não é engraçado ver todos os pôneis maltratando a Fluttershy, não é engraçado ver a Rarity usando seu charme pra roubar alguma coisa de um nerd, não é engraçado ver a Pinkie Pie roubando descaradamente alguns tomates da feira e, principalmente, não é engraçado ver um pônei desrespeitando completamente 2 de suas melhores amigas, implicando que nada que elas fazem de suas vidas têm sentido e que elas não prestam pra nada.

23- Dragon Quest
Esse episódio é confuso, ele tenta passar uma mensagem de que você não é aquilo que você é, e que você é na verdade aquilo que todos dizem que você é. Sim, a maioria dos desenhos tentaria passar justamente a lição oposta, porém por alguma razão Spike aprende que ele não precisa ser um dragão se ele nasceu e foi criado por pôneis. Todo o conceito desse roteiro está errado, não apenas ele implica que todos os dragões são malvados, ladrões e assassinos, como também quebra a principal razão de vida do Spike o fazendo fugir (em um episódio mais à frente ele menciona que parar de ser o ajudante da Twilight é seu pior pesadelo). Há algum humor para ser encontrado aqui quando Twilight, Rarity e Rainbow Dash se disfarçam de dragões, mas é apenas isso.

22- May the Best Pet Win!
O conceito de que Rainbow Dash é a única das 6 principais que não possui um mascote e que ela finge que não quer um poderia dar um bom episódio. Do contrário, "May the Best Pet Win!" por alguma razão acha que uma competição de mascotes em que Rainbow constantemente grita com eles e os faz passar por situações fisicamente difíceis apenas para declarar qual é o "superior" e que será seu bichinho é uma boa ideia, sem contar que o vencedor é ridiculamente óbvio e ver a pégaso com a asa presa em uma pedra gigantesca não é uma visão realmente bela.


21- The Cutie Pox
Não tenho nada contra "filler", acredito na verdade que pode ser muito bem utilizado para adicionar imersão à experiência e deixar a história rolar mais naturalmente. Entretanto, quando 80% do episódio se trata de um pônei fazendo movimentos impressionantes apenas para todos os outros verem, o ritmo do roteiro pode ser prejudicado colossalmente. Não há nada particularmente errado aqui com exceção do ritmo, então se você não se importa tanto com o modo com que uma história se desenrola, posso ver facilmente você gostando desse episódio.

20- Baby Cakes
Na análise de Stare Master, comentei que já havíamos visto essa história da babá com as crianças irritantes antes muitas vezes e, por obra do destino, My Little Pony utiliza esse mesmo clichê novamente. Entretanto, Baby Cakes consegue entreter mais que seu antecessor, principalmente pela babá ser a Pinkie Pie e as crianças serem bebês mesmo, dando para cenas muito boas como a da apresentação de stand-up comedy. Se você não se importa com familiaridade de histórias e piadas de adultério (ainda não sei como os roteiristas conseguiram colocar AQUELA frase no episódio), esse episódio acaba se tornando bem divertido.

19- Hearts and Hooves Day
Episódios bons com temas dos quais eu não suporto costumam ficar acima na lista (A Dog and Pony Show), tudo em HaHD é bem feito, desde as personalidades das CMC (engraçadíssimas aqui, por sinal), o ritmo bem frenético do roteiro e a mensagem passada importantíssima e surpreendentemente madura. Entretanto, eu me irritei e muito com o excesso de romance nesse episódio, as conversas de Cherilee e Big MacIntosh conseguem irritar tanto que eu considerei muitas vezes simplesmente desistir do episódio no meio.


18- The Mysterious Mare do Well
Eu adoro as referências desse episódio, como todos sabemos, ele é como uma carta de amor a todas as mídias de super-heróis. Entretanto, para quem adora a Rainbow Dash, o roteiro pode acabar te deixando um pouco pra baixo, pois há dúvidas se ela realmente merece o tratamento que recebeu nesse episódio ou não. Muitos fãs odeiam simplesmente pelas pôneis criarem uma conspiração contra sua amiga para ensiná-la uma lição, porém ainda é um episódio divertido e surpreendentemente recheado de ação.

17- MMMystery on the Friendship Express
Histórias de mistério deveriam criar um suspense e, embora essa esconda todas as pistas que a Twilight encontra para continuar com a trama (uma posição muito questionável, se me perguntarem), ainda há muito para se aproveitar aqui, desde o humor não muito inteligente porém deveras funcional até as cenas que me conquistaram: Eu sou um amante da 7° arte, então se existem cenas simplesmente para enaltecer a grandiosidade dos gêneros do Cinema, eu provavelmente gostarei. Acredito que todos gostarão desse episódio, se puderem ignorar o furo de roteiro gigantesco de que uma viagem de Ponyville até Canterlot de trem demora uma noite (???).

16- The Super Speedy Cider Squeezy 6000
Daqui pra baixo na lista, são os episódios que variam entre muito bons e excelentes, são a principal razão pela qual eu considero a 2° temporada muito superior à primeira. Se tem uma coisa em que M.A Larson é profissional é em que escrever personagens divertidos (o homem criou o Discórdia, pelo amor de Deus), e eu simplesmente amo os irmãos Flim e Flam e a música empolgante deles que me fez repetir "Sidra! Sidra! Sidra!" da primeira vez em que tomei sidra. TSSCS6000 é um episódio leve e com um potencial de entretenimento altíssimo assim como Over a Barrel foi na 1° temporada, o único aspecto que me incomodou foi o fato deles deixarem a Rainbow sem sidra até o final, mas alguns sacrifícios devem ser feitos por humor.


15- It's About Time
Histórias de viagem no tempo tem um certo charme pra mim, eu acho o conceito muito interessante e até inteligente se usado da maneira correta. It's About Time não se preocupa em criar paradoxos e infinitas linhas do tempo para confundir o espectador, mas o entretém de uma forma um pouco mais inteligente do que outros episódios de My Little Pony, desde as previsões se concretizando de forma humorada até a sutil paródia de Missão Impossível. Tudo bem, o final é um pouco previsível para quem consegue pensar direito, mas provavelmente explodiu a mente de muitas crianças inocentes que nunca ouviram falar de De Volta para o Futuro.

14- Family Appreciation Day
Quem nutre um ódio por Diamond Tiara desde Call of the Cutie provavelmente amará esse episódio, que finalmente dá a ela uma punição merecida por seus atos diabólicos (que não seja só se envergonhar na festa). Ainda assim, o roteiro consegue se sustentar mesmo sem isso, a história de Apple Bloom se envergonhando da sua avó Smith apenas para perceber que suas histórias são realmente interessantes e importantes para Ponyville é natural e bonitinha, algumas das coisas que o desenho tem de melhor a oferecer.

13- Read It and Weep
Todos concordamos que a mensagem desse episódio deveria ser como ler é importante para o desenvolvimento da inteligência e aumentar a cultura, não apenas como é divertido para passar o tempo. Entretanto, a mensagem é passada de uma forma tão impactante e as aventuras de Daring Do são tão empolgantes e divertidas que é impossível não se apaixonar pelo conceito de Read It and Weep. Eu não entendo por quê os roteiristas da 2° temporada têm esse fascínio por machucar emocionalmente e fisicamente a Rainbow Dash, porém aqui é por um bem maior e você realmente percebe como ela evolui no final, sem contar que a piada do pônei latindo é impagável.


12- The Last Roundup
A primeira aparição importante e com falas de Derpy destruiu emocionalmente a todos nós apaixonados por ela, porém The Last Roundup além disso também nos concede uma bela e reconhecível história de vergonha e humildade. O orgulho de Applejack é posto em jogo aqui e, mesmo com ela representando o elemento da Honestidade, você percebe por quê ela mente para todos e foge de Ponyville, é triste e impactante. A "arma secreta" Pinkie Pie também concede um excelente momento para descontrair da pesada atmosfera desse episódio e, no final, a experiência como um todo é muito eficiente.

11- A Friend In Deed
Esse episódio abre da melhor maneira possível: The Smile Song, uma das mais famosas canções da série, funciona em todos os níveis, desde uma análise da personagem Pinkie Pie e uma amostra da sua verdadeira razão de viver até pequenas cenas de humor eficientes e metáforas sutis que nos fazem questionar se uma criança realmente entenderia aquilo. A relação de Pinkie e Asno Azedo Simplório (um dos melhores nomes da cultura pop dos últimos anos) é bem construída, você realmente se sente mal pelo Asno e entende também porquê Pinkie está pegando tanto no pé dele.

10- Ponyville Confidential
O melhor episódio das CMC até agora, Ponyville Confidential é a clássica história do personagem que revela segredos dos amigos para fazer sucesso. Entretanto, essa história funciona tão bem com os personagens de My Little Pony e o clímax do episódio é tão bem construído que é quase impossível não se sentir mal pelas CMC quando todos decidem ignorá-las porque você entende porque eles estão fazendo isso, mas também entende porque elas fizeram o que fizeram, você entende os motivos de todos os personagens (até da Diamond Tiara) e esse é um sinal de um bom roteiro. Além disso, a cena em que as 6 principais encurralam Spike na mesa me fez rir muito, por algum motivo.


9- Hearth's Warming Eve
Hearth's Warming Eve funciona porque ele acontece em um nível da série em que você já está tão mergulhado no universo do desenho que se sente em casa; então quando os personagens contam, através de uma peça (muito bem feita por sinal) a história de Equestria e como foi formada a partir de uma espécie de guerra civil, se torna um evento realmente importante emocionalmente. Além da história da formação ser, em si, muito bem escrita e realizada, o efeito é muito maior principalmente porque ainda é um teatro representado pelas 6 principais, não apenas um flashback com efeito sépia.

8- Secret of My Excess
O nível total de aproveitamento desse episódio depende muito do quanto você simpatizou com Spike durante toda a série, no meu caso muito. Não que não seja bem escrito, ainda é um episódio por si muito bom, porém se você se reconhece como o personagem de uma forma tão forte, quando a série de acontecimentos cai sobre o dragão bebê e a relação dele com Rarity é FINALMENTE levado para frente, você se sente bem pelo personagem e o peso dos seus ombros de que você achava que ele seria maltratado durante todo o programa finalmente cai.

7- The Return of Harmony
Como mencionado na minha análise da 2° temporada, The Return of Harmony definitivamente inicia a leva de episódios com o pé direito: A ambição do episódio é tão grande quanto a de Friendship Is Magic e a realização é muito superior; Discórdia é um vilão fantástico e os produtores escolheram o ator perfeito para dublá-lo, a inspiração pelo personagem Q de Star Trek é evidente e quem melhor para interpretá-lo então que John De Lancie? Não apenas pelo antagonista, TROH ainda brilha pelo conflito entre as 6 principais e o momento triste da transformação da personalidade de Twilight acaba emocionalmente com qualquer um.


6- Luna Eclipsed
Assim como o aproveitamento geral de Secret of My Excess dependia de o quanto você gostava do Spike, o de Luna Eclipsed depende de o quanto você gosta da Princesa Luna. Entretanto, aqui o caso é um pouco diferente, já que esse episódio foi o responsável por ela se tornar um dos personagens favoritos dos fãs. Diferentemente da maioria dos personagens bons ou maus da série, Luna está exatamente no meio, ela tenta fazer o bem e ser gentil com todos, porém no fundo ainda é um ser maligno extremamente poderoso e esse episódio retrata isso muito bem, mostrando o sofrimento da princesa querendo ser aceita pelo que ela é.

5- Sweet and Elite
Muitos não gostam da Rarity e eu pessoalmente assumo que ela é a das 6 principais que eu menos gosto, porém o desenho parece saber disso e ela é, provavelmente, a que tem mais episódios focados em fazer você gostar dela. Sweet and Elite, uma das obras de Meghan McCarthy (responsável pelos excelentes Dragonshy e Party of One) é mais um dos diversos estudos na personalidade de uma das 6 pôneis, Rarity dessa vez. Há um equilíbrio praticamente perfeito aqui entre a vontade dela de ser famosa e respeitada, sua generosidade e lealdade a suas amigas; é assim que se escreve um bom personagem. Há também um bom uso de humor de situações aqui, uma boa mudança ao usual humor de "piadinhas" já clássico na mitologia do desenho.

4- A Canterlot Wedding
A primeira história realmente épica do desenho, A Canterlot Wedding fecha a temporada com chave de ouro e é como uma ópera (literalmente na execução de This Day Aria): Gritante, emotiva, chocante e visualmente deslumbrante. Sim, há uma falta de sutileza no roteiro da sempre prestativa Meghan McCarthy que me impede de me apaixonar completamente pelo episódio, porém essa explosão de acontecimentos e discursos realmente adiciona à ambição gigantesca da história. As cenas de luta são muito bem feitas, o humor está presente em quase todo momento e a perfeição é atingida na já comentada canção This Day Aria: É tão emotiva, bem feita e envolvente que por si só já aumenta muito o nível do episódio. Além disso, o roteiro não podia ser fechado de forma melhor do que com a piada da despedida de solteiro.


3- Sisterhooves Social
Geralmente, quando a relação entre irmãos é demonstrada em alguma mídia (principalmente em séries de televisão), eles são retratados como os piores inimigos ou os melhores amigos do mundo. Sisterhooves Social não depende disso para efeito cômico ou algo assim, muito pelo contrário, retrata a relação de Rarity e Sweetie Belle de uma forma muito natural e sutil, tocante até. Irmãos não servem apenas para infernizar a vida um do outro e o excesso de tempo passado juntos geralmente impede a criação de uma relação perfeita, então é inspirador quando uma mídia "infantil" como My Little Pony retrata essa complexa relação de sangue como ela é (ou deveria ser): Irmãos competem por atenção, geralmente discutem sobre coisas simples e atrapalham a vida um do outro até quando tentam ajudar, porém sempre estão lá quando precisamos e sentem a necessidade de deixar o nosso dia um pouco mais feliz, mesmo que seja nos incomodando.

2- Lesson Zero
A obra prima de Meghan McCarthy (e isso diz muita coisa) é uma homenagem à neuroticidade, manias e desejo de organização, é também um dos mais engraçados episódios da série. Lesson Zero pega um dos principais conceitos da primeira temporada (as cartas enviadas à Princesa Celéstia) e o vira de cabeça pra baixo, fazendo-o agir contra Twilight e a oprimindo a encontrar um problema de amizade antes que o sol se ponha. Ironicamente, não haver conflito algum se torna um dos conflitos mais criativos e interessantes do programa, ainda é extremamente divertido ver um personagem lentamente perder a sanidade (Party of One) durante o episódio e ter um momento de insanidade total (algo que McCarthy sabe fazer muito bem, por sinal), exceto que aqui a loucura de Twilight afeta toda Ponyville de forma desastroda, tornando toda a situação ainda mais interessante.

1- Hurricane Fluttershy
Ok, eu assumo que o meu amor enorme pela pônei tímida pode ter influenciado novamente na lista, porém Hurricane Fluttershy é, ainda assim, uma obra-prima. Histórias de superação funcionam porque você torce pelo personagem e quer vê-lo vencer, e quando esse personagem é a Fluttershy, que ficou em segundo plano sem ninguém se importar durante quase toda a série, o impacto emocional é elevado a proporções astronômicas. A antagonista de seu conflito é apenas ela mesma, seus medos e inseguranças, não há nada mais reconhecível que isso, todos que já passaram por situações que abaixaram sua auto-estima podem se ver na tela. Todos os outros personagens estão muito bem representados aqui, com destaque para Rainbow Dash que, mesmo com seu orgulho e vontade imensa de vencer, ainda respeita as fraquezas e limites de sua amiga. O modo como os pôneis criam a chuva também é inteligentíssimo, ainda mais do que o modo como eles trazem o outono; e a apresentação da situação à la "cinema clássico" também me conquistou. Como se já não fosse o suficiente, o episódio ainda consegue sutilmente passar a mensagem de que, mesmo se você se esforçar muito, treinar e dar o seu máximo, você ainda pode falhar, e essa é uma das melhores lições que um programa infantil pode ensinar.


terça-feira, 29 de março de 2016

CRÍTICA: 2° TEMPORADA



A 1° temporada de My Little Pony: Friendship Is Magic não é perfeita, alguns episódios são horríveis e a grande maioria são bons, porém infantis demais. Apesar de tudo, ela funciona grande parte devido aos personagens extremamente carismáticos e bem escritos. Logo, após uma temporada inteira, vários erros e acertos e a conquista de um dos maiores fandoms da história, é de se esperar que essa nova leva de episódios eleve um pouco o nível de qualidade, ou pelo menos o mantenha.

Felizmente, os roteiristas e produtores aparentemente aprenderam com seus erros e nos entregam uma temporada surpreendente para quem se acostumou com o nível de qualidade da 1°. Os personagens pelos quais você se apaixonou continuam lá, com a diferença de que evoluíram um pouco e agora o desenho finalmente concerta um dos maiores erros da 1° temporada e larga a Twilight; ela continua sendo a protagonista, não entendam errado, porém quando ela não é necessária, ela nem aparece no episódio, diminuindo um pouco a saturação da personagem.

Começando com o pé direito, The Return of Harmony está anos luz à frente de Friendship Is Magic, talvez porque não tenha a obrigação de gastar grande parte de seu tempo apresentando os personagens, indo direto à ação, contando a clássica porém funcional história do vilão adormecido que retorna para atormentar a vida dos novos personagens. Esse episódio nunca funcionaria se Discórdia não fosse um bom vilão, e ele não é apenas o melhor da série inteira, como também um bom personagem: Divertidíssimo, sarcástico, muito poderoso e excêntrico, Discórdia é o meu tipo favorito de vilão, aquele que sabe que está no controle da situação e por isso se torna até despreocupado com tudo que acontece ao seu redor. O roteiro também consegue colocar alguns conflitos emocionais muito interessantes na segunda parte do episódio e eu devo dizer que foi o primeiro momento do programa em que eu me senti genuinamente triste pela situação dos personagens.


Quanto aos episódios que se seguem, a evolução de qualidade da série é evidente. Honestamente falando, a 2° temporada não amadurece tanto o desenho quanto muitos fãs falam por aí, My Little Pony ainda é aqui, essencialmente, um programa sobre uma pônei descobrindo e estudando sobre a magia da amizade. Entretanto, pelo aspecto técnico e de histórias a serem contadas, sim, a 2° leva de episódios foi um grande passo para frente, os temas tratados são muito mais interessantes e as lições aprendidas são reveladas ao público de forma muito mais natural e sutil do que uma única pônei enviando cartas periodicamente contando sobre o que aprendeu.

No final das contas, essa é uma temporada muito mais aproveitável e menos "infantil" do que a primeira; o humor está um pouco mais adulto, o que pode incomodar alguns espectadores que gostavam da inocência exagerada do início da série, as relações entre os personagens estão mais naturais e há muito mais canções memoráveis espalhadas entre os episódios. Esse foi o momento em que Friendship Is Magic deixou de se tornar apenas um desenho infantil que se destacava por ser melhor do que os outros de seu gênero e se tornou um programa de alto nível por si só ao lado de Hora de Aventura e Gravity Falls.

Orgulho:
Lesson Zero
Hurricane Fluttershy
Sisterhooves Social

Vergonha:
Putting Your Hoof Down
Dragon Quest

NOTA FINAL: 8

segunda-feira, 28 de março de 2016

RANKEANDO A 1° TEMPORADA


25- Boast Busters
Eu odeio esse episódio, não porque seja mal feito e desleixado, mas porque vai contra a principal mensagem do desenho: Amor e tolerância. Todas as 6 principais agem como idiotas apenas porque A Grande e Poderosa Trixie está fazendo o trabalho dela que é se aparecer, afinal de contas, ela faz parte do show business. Como se não bastasse vilanizar um personagem praticamente inocente como a Trixie, que acabaria por se tornar uma das minhas pôneis favoritas, o episódio ainda apresenta 2 dos piores personagens da história da televisão, vocês sabem de quem eu estou falando.

24- Owl's Well That Ends Well
Além de possuir um ritmo bem lento para um episódio de My Little Pony, Owl's Well simplesmente não tem razão de existir: Nós já sabemos a importância que o trabalho do Spike tem pra ele e como ele gosta de se sentir parte de alguma coisa com a Twilight, também já tivemos um episódio sobre ciúmes (Green Isn't Your Color) que trabalha o tema infinitamente melhor. Além disso, o humor também não funciona tão bem assim e se torna até maldoso, apelando pra clássica cena em que ketchup se torna sangue...

23- The Show Stoppers
O problema aqui não é nem a música vergonhosa que as CMC apresentam ou o fato de que Snips e Snails aparecem, mas a forma como o episódio trata as Cruzaders. Além de praticamente revelar o talento especial de cada uma, tornando todos os outros episódios das CMC irrelevantes, o roteiro insiste em bater na tecla de que elas são idiotas o suficiente para não perceber o talento delas em uma falha tentativa de humor, fazendo os roteiristas parecerem os reais antagonistas do episódio.

22- Look Before You Sleep
Os personagens do programa e suas personalidades realmente são o destaque e a razão pela qual MLP fez tanto sucesso, então um episódio em que 3 das pôneis principais agem como retardadas mentais que não se importam umas com as outras está praticamente condenado. A interminável discussão de Rarity e Applejack não faz o menor sentido, a Twilight por alguma razão não percebe que elas não estão bem e elas se recusam a comentar sobre isso, tudo culminando na infame cena da árvore em que Rarity perde completamente seu coração e emoções e Twilight parece uma criança de 3 anos hipnotizada por alguma razão.


21- Friendship Is Magic
Como eu já comentei na minha análise geral da 1° temporada, esse episódio falha em sua missão de capturar completamente a atenção do espectador. A história é previsível e não emociona até a "batalha" final, as 5 co-protagonistas são apresentadas como esteriótipos ambulantes e Nightmare Moon é a antagonista mais sem graça da série. Apesar de tudo, o episódio ainda é bonitinho e inocente, diferente dos outros 4 já presentes na lista.

20- A Dog and Pony Show
Culpado, eu reconheço que esse episódio é bem escrito e provavelmente melhor que muitos outros mais abaixo; entretanto, há uma mistura de elementos dos quais eu não suporto aqui, tornando a minha experiência final bem abaixo da geral. Por alguma razão, os roteiristas acreditam que deixar o Spike na friendzone é engraçado, então quando ele tem seus sonhos de grandeza em que ele conquista Rarity, você se sente apenas mal por ele. O design do subterrâneo não me agradou, porém eu pessoalmente não nutro um grande amor por histórias que se passam no subterrâneo simulando uma sociedade distópica, então eu passei a maior parte dos 20 minutos entediado, e eu simplesmente odeio a forma como Rarity escapa da situação.

19- Stare Master
Nós já vimos essa história milhares de vezes; sim, a babá acredita que cuidar das crianças será fácil; sim, as crianças são pirralhas chatas que consegue fugir dela; sim, a babá se importa muito e vai atrás delas; sim, as crianças correm grande perigo e a única que pode salvar é a babá; sim, no final as crianças aprendem a respeitá-la. O episódio é divertido, no geral, e o Basilisco é uma importante adição à mitologia da série, mas o roteiro é MUITO clichê. Próximo.

18- A Bird in the Hoof
Quando um roteiro repete excessivamente uma piada, o que pode salvá-lo é o quanto você a considerou engraçada quando foi apresentada e o quanto ele consegue diferenciar a última de todas as outras vezes. Eu pessoalmente me peguei rindo quase todas as vezes em que A Bird in the Hoof utiliza a piada de que Philomena está muito doente, mas se você apenas rolou os olhos da primeira vez, se prepare que vem bomba.


17- Bridle Gossip
Utilizar as personalidades e atributos dos personagens para criar uma piada quase sempre é divertido, e Bridle Gossip não é exceção, criando momentos épicos em que o simples fato de que aquilo está acontecendo já vale o tempo gasto com o episódio. Entretanto, a primeira tentativa de My Little Pony de tratar um assunto realmente sério e importante como preconceito soa simples demais, nada contra simplicidade e objetividade, porém é necessário algo mais do que apenas "não tenha medo disso" para entregar uma mensagem impactante.

16- The Ticket Master
O primeiro episódio independente da série funciona e é infinitamente superior a Friendship Is Magic; sim, nós já vimos essa história na qual um dos personagens tem algo e pode dividir com apenas alguns de seus amigos, tendo que escolher precisamente qual irá agradar. Contudo, o roteiro consegue dar um aspecto "pony" que apenas MLP poderia conceder a esse clichê clássico, utilizando as habilidades dos pôneis principais para piadas bem interessantes e elevando a procura do ticket a níveis tão astronômicos e planejadamente exagerados que não se pode fazer nada a não ser rir e aproveitar.

15- Griffon the Brush Off
A química de Rainbow Dash e Pinkie Pie enquanto elas pregam peças nos outros é impagável, praticamente anulando qualquer outro defeito que esse episódio poderia vir a ter. Todavia, o roteiro ainda tenta dar um nível de complexidade um pouco maior ao personagem de Pinkie tratando sobre como a atenção dos amigos é importante pra ela; não funciona tão bem assim, porém é uma espiadinha nos episódios fantásticos que também tentariam analisar a complicada mente da personagem.

14- Feeling Pinkie Keen
O episódio de estreia de Dave Polski deixou bem claro a principal força do meu roteirista favorito, o humor. Como eu disse, o uso repetido de uma piada funciona quando ela é engraçada em primeiro lugar e o escritor consegue diferenciá-la das outras vezes, e aqui há uma piada envolvendo portas que simplesmente funciona toda vez. Sim, há um uso abusivo de humor físico, porém não há como dizer que a Twilight é completamente inocente e não merece nada do que acontece com ela, o que nos leva à moral do episódio, que praticamente o dividiu entre ódio e amor entre os fãs; pra mim, o conceito de fé foi bem executado, porém realmente não é de se agradar a todos.


13- Winter Wrap Up
Iniciando pelo óbvio, a canção Winter Wrap Up é a primeira da série que revelou seu verdadeiro potencial musical: A letra é muito bem feita, os instrumentais são caprichados e as vozes das pôneis funcionam perfeitamente com o tema. Deixando de lado a música, esse episódio ainda funciona para apresentar o conceito de que a relação dos pôneis com a natureza é de controle absoluto, eles fazem tudo acontecer e isso levará a alguns acontecimentos bem interessantes em episódios futuros. O conflito da Twilight de querer ajudar, porém respeitando a tradição de Ponyville de não utilizar magia também funciona e eu admito que não previ o final do episódio.

12- Swarm of the Century
A aproveitamento total desse episódio dependerá de o quanto você está saturado com o conceito de bichinhos multiplicados como o de Gremlins. Eu não estou, e realmente acho que funcionou para criar o problema do episódio e reunir as 6 principais para ajudar Ponyville. À primeira vista, parece estranho como a Pinkie simplesmente não avisou que estava reunindo os instrumentos para expulsar os parasprites, mas analisando e conhecendo o personagem, pode-se perceber que ela simplesmente acredita que todos possuem o mesmo nível de conhecimento do dela, pois ela sabe que não é a pônei mais inteligente. Não, isso não é desculpa para alguns roteiristas a escreverem como uma idiota completa.

11- Fall Weather Friends
A forma como os pôneis trazem o outono é genial e visualmente deslumbrante, mas tirando isso, o desespero de Rainbow Dash e Applejack para vencer e ser "a melhor", até trapaceando, trazem um nível de humanidade e defeitos pessoais muito grande aos personagens. Não, Look Before You Sleep as fez maldosas, não humanas. Além disso, ainda há uma referência a O Guia do Mochileiro das Galáxias...


10- Green Isn't Your Color
Eu adoro a Photo Finish, ela consegue ser mais badass que muitos personagens "badass" em outros programas e ainda tem a própria música que toca quando entra em cena, não há nada mais legal que isso. Em Owl's Well That Ends Well, eu disse que esse episódio consegue tratar de ciúmes de uma forma muito melhor do que o outro, e isso é evidente quando a Rarity deixa tudo de lado e aplaude Fluttershy em seu momento mais difícil em cima do palco, não se importando com as consequências que isso traria para si mesma. Além disso, a Pinkie Pie nesse episódio está... Interessante.

9- Call of the Cutie
A apresentação das CMC funciona muito bem, fazendo o público realmente perceber a importância da Cutie Mark para a sociedade dos pôneis e odiar a Diamond Tiara com todas as suas forças em apenas um episódio. Você se sente mal por Applebloom, e se era esse o objetivo do episódio, ele foi alcançado com maestria. 

8- Applebuck Season
Friendship Is Magic e The Ticket Master foram bonitinhos e divertidos, porém foi com Applebuck Season que eu realmente comecei a levar o desenho a sério. Ficou claro que os roteiristas não apostariam em personagens perfeitos e simplistas para histórias bonitinhas e fechadas, mas sim focariam nos defeitos de personalidade e conflitos pessoais de cada um deles e a situação pela qual Applejack passa nesse episódio é completamente aceitável; embora você saiba que ela está errada, você realmente quer que ela consiga o que quer porque sabemos o quão importante isso é pra ela.


7- Over a Barrel
Como já mencionado, a força de Dave Polski está em seu senso de humor extremamente efetivo. Quando o roteirista se esforça ao máximo, recebemos um presente como Over a Barrel, um festival de piadas inteligentíssimas recheadas por um tom e história descontraídos que, unidos, formam um episódio que, se não traz nada de novo ou uma mensagem realmente importante, ainda é pura diversão descerebrada.

6- Suited for Success
Esse episódio deveria ser elogiado simplesmente por apresentar o mundialmente famoso "20% cooler", mas ele é muito mais que isso. Um estudo meticuloso na generosidade da personagem Rarity, Suited for Success apresenta os problemas de ser suceptível a tudo e obedecer sem pestanejar, tentando agradar a todos ao seu redor; essa é uma das mensagens mais importantes e eu sinto que nem sempre a vemos o suficiente em animações infantis.

5- The Cutie Mark Chronicles
Simples, porém extremamente eficiente, The Cutie Mark Chronicles é apenas a junção das histórias de como as pôneis principais conseguiram sua Cutie Mark conectadas pela busca das CMC por inspiração nesses contos. Esse episódio nunca funcionaria se essas histórias não fossem interessantes e, embora a da Pinkie Pie seja decepcionante, elas funcionam e são até realmente inspiradoras. Talvez a única ação questionável do roteiro seja que a mensagem passada não seja objetiva e direta, mas uma lição filosófica e transcendental é uma boa mudança nas morais de amizade básicas.

4- Dragonshy
Devo dizer de imediato que a Fluttershy é a minha pônei principal favorita e isso talvez (com certeza) tenha influenciado na posição desse episódio. Corajoso, inteligente e com um senso de aventura muito maior que o próprio Friendship Is Magic, o roteiro desse episódio ainda consegue equilibrar o nível certo de humor (a tosse de Angel e o coice de Rainbow Dash no dragão são impagáveis) e desenvolvimento de personagem. Talvez o episódio não se preocupe tanto em estudar o personagem da Fluttershy, mas com certeza se preocupa em evoluí-lo, se ela continuasse como é no primeiro episódio até o final da temporada, o personagem acabaria se tornando insuportável.


3- The Best Night Ever
A temporada não poderia acabar de uma forma mais inteligente. The Best Night Ever, além de finalmente colocar as personagens na situação em que elas sonharam toda a sua vida, ainda mostra que nem sempre tudo sai como planejado, cada uma das 6 histórias começa bem e acaba como uma tragédia total, você se sente mal por elas. As 6 pôneis passam muito tempo imaginando como seria a festa e, quando chegam, acabam descobrindo que nem é tudo isso que esperavam, aprendendo que o melhor nem sempre é o maior ou mais sofisticado, mas sim aquele em que você mais aproveita com seus amigos, essa mensagem é fantástica. 

2- Party of One
O primeiro estudo real da personalidade complexa de Pinkie Pie, Party of One é uma viagem ao mundo dos loucos por atenção. Nós vemos tudo pelos olhos da Pinkie, desde o início satisfatório em que ela dá sua festa e todos comparecem até o momento em que percebemos que todos a estão ignorando e ela começa a, lentamente, perder sua sanidade, culminando no infame momento da festa das pedras, extremamente desconfortável e perturbador porém necessário. A escapada que os roteiristas têm para que tudo se resolva em um "felizes para sempre" é, realmente, clichê, entretanto nós passamos pela experiência do que aconteceria se não acabasse daquela forma e é, na melhor forma de se dizer, digno de uma obra de Roman Polanski.

1- Sonic Rainboom
Essa é uma obra-prima, não há mais nada a se dizer. Sonic Rainboom não apenas nos leva a Cloudsdale, e é lindo, não apenas nos entrega uma das piadas mais bem sacadas do desenho (arco-íris não são famosos pelo sabor), não apenas zoa os Wonderbolts (piada recorrente no desenho que se inicia de forma muito bem feita aqui), mas também, finalmente, fragiliza a intocável Rainbow Dash. Há razões para a Rainbow ser a favorita dos fãs: Ela rejeita qualquer esteriótipo feminino, é engraçada, corajosa, forte fisicamente e também a melhor voadora de toda Equestria. Embora Fall Weather Friends tenha a humanizado com seu desespero por vencer, Sonic Rainboom a joga de cara no chão e a obriga a enfrentar seus maiores medos, revelando seu verdadeiro lado, na qual ela é tão frágil e fraca como qualquer um de nós, não é apenas badass por ser badass. O arco do episódio converge para o momento final na qual o "sonic rainboom" é finalmente realizado e não soa forçado, soa na verdade extremamente natural, emocional e até mesmo sutil, qualidade em falta na televisão atualmente.


domingo, 27 de março de 2016

CRÍTICA: 1° TEMPORADA


Lauren Faust presenteou a todos nós com um dos melhores desenhos animados da atualidade, isso não se pode negar: A inocência, os personagens extremamente carismáticos, a animação e a dublagem muito caprichadas, tudo no conceito da 4° geração de My Little Pony funciona muito bem. Entretanto, ao olhar novamente a 1° temporada agora que o programa evoluiu tanto, ela ainda se mantém firme e forte?

Começando pelos 2 primeiros episódios, escritos pela criadora, entitulados Friendship Is Magic. Honestamente, eu não acredito que a melhor maneira de apresentar My Little Pony para um leigo seja os introduzindo ao universo pelos primeiros episódios, na verdade eu acredito que essa seja uma das piores formas: A história é demasiadamente simples e infantil, o humor não funciona tanto assim e a antagonista principal acabaria por se tornar a mais sem graça do desenho inteiro. 



Então, a principal razão pela qual a maioria de nós continuamos assistindo é a maior força do programa: Seus personagens, e por isso não podemos agradecer a Faust o suficiente. Os episódios que seguem tornam a temporada simples, são várias histórias separadas, marca registrada do desenho; algumas funcionam muito bem, concedendo a alguns personagens uma complexidade emocional que se tornaria muito maior nos anos seguintes, outras nem tanto, retornando à infantilidade que os leigos acreditam reinar na série.

Finalizando, a 1° temporada não é o que a televisão tem de melhor a oferecer, alguns episódios se destacam, porém a maioria ou é apenas divertida ou genérica demais. Apesar de tudo, quem realmente se apaixona pelos personagens e se importa com seus problemas, consegue finalizá-la com prazer. 

Orgulho:
Sonic Rainboom
Party of One
The Best Night Ever

Vergonha:
The Show Stoppers
Boast Busters
Owl's Well That Ends Well

NOTA FINAL: 6